Passeando pela história de Santo Varão – IX

Até ao ano de 1753 o lugar der Santo Varão foi couto dos bispos de Coimbra, a quem pertencia  a justiça e a quem, como donatários, os moradores pagavam as rendas.
No entanto, já em 1757 aparece como terra de El-Rei. As razões encontramo-las bem  explícitas no Inquérito Paroquial de 1758. A não apresentação pelo bispo nem da carta  de doação nem do foral da terra, fez os moradores não o reconhecerem por donatário e consequentemente recusarem-se a pagar-lhe as referidas rendas. A sobrevivência de  estruturas nitidamente feudais e medievais tinha, de facto, os seus dias contados.
Pela lei de 19 de Julho de 1790 é retirada à Mitra a jurisdição que, desde tempos remotos, exercia nos seus coutos. Posteriormente, o decreto na 23  de Maio de 1832 e  outro de 13 de Agosto do mesmo ano, saídos da revolução liberal de 1820, extinguem o  resto dos direitos senhoriais dos bispos.
Em 1758, o referido Inquérito situa esta povoação na província da Beira e diz ser  “lugar da Comarca e Bispado de Coimbra e termo da villa de Montemor-o-Velho, onde pertence o Conhecimento do Crime e do Arcediago de Penella“.


Montemor-o-Velho, em finais do séc XIX

Mais afirma ter termo seu no cível, compreendendo este termo dois casais mais, o Casal das Machadas, com quatro moradores e dezoito pessoas e o Casal dos Rasteiros com três  moradores e dezasseis pessoas.
Quanto ao lugar de Santo Varão atribui-lhe cento e vinte e oito vizinhos e quatrocentas e cinquenta e sete pessoas. O anterior cadastro de 1527 assinala 24 vizinhos, ou seja, cerca de 80 habitantes. A fazermos fé nestes dados, trata-se de um crescimento demográfico assinalável, num espaço de tempo de pouco mais de dois séculos. Já António Luís de Sousa Henriques Seco, na sua obra ” Memória Historico-Chorographica dos  Diversos Concelhos do Districto Administrativo de Coimbra“, publicada em 1853,  atribui-lhe 111 fogos. Este crescimento continuar-se-á a verificar até aos nossos dias (Baptista, 2013).

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