A cultura do arroz no Baixo Mondego

Estando ainda a decorrer  o acontecimento “Coimbra Região Europeia da Gastronomia 2021”, apresentamos um pequeno contributo da Liga de Amigos de Santo Varão para o conhecimento da orizicultura na nossa região.

Parte I

A introdução da cultura do arroz na Península Ibérica, segundo alguns autores,terá sido feita pelos Árabes.

É no século XVII que encontramos as primeiras referências a esta cultura, nos campos do Baixo Mondego, a cargo dos crúzios de Coimbra.

É, no entanto, a partir do século XIX que a paisagem dos campos mondeguinos se  irá alterar mais profundamente com a divulgação da cultura do arroz, que, diga-se de passagem, não iria ser muito pacifica, pelos males a que deu origem.

Ainda que os primeiros ensaios fossem feitos na 1ª metade do século XIX, foi de 1860 por diante que a orizicultura no distrito de Coimbra se principiou a desenvolver mais rapidamente. Segundo o inquérito de 1872 já os arrozais ocupavam uma área de 10.471.406m2, sendo cultivados com licença apenas 1.852.012m2.

Data de 17 de Fevereiro de 1881 um oficio do Bispo de Coimbra, ao governo, sobre a cultura do arroz no seu bispado, em que se pede a sua extinção pelos “males que estava causando à saúde pública “e que se manifestavam pelas febres intermitentes que assolavam grande parte das populações. Chegava-se até mesmo a afirmar promover aquela cultura “a degeneração da espécie humana “.

Chamados a pronunciarem-se relativamente ao assunto alguns dos lentes da Universidade de Coimbra sugerem, entre outras medidas, que se substitua a referida cultura especialmente pela pasticultura o que iria desenvolver a indústria pecuária e simultaneamente que sejam abolidos os direitos da entrada do arroz estrangeiro e decretada a sua entrada franca em todos os portos. Alegam aqueles que a causa fundamental do alastramento desta cultura pelo país tem a ver com o preço demasiado alto a que chega aqui o arroz estrangeiro. Pelo que, baixando o preço deste, contribuir-se-ia para desincentivar os produtores nacionais.

Também sendo chamados a pronunciarem-se sobre o mesmo assunto, os párocos deste bispado tomam posição. São unânimes em afirmar que, em freguesias onde este cultivo não é feito, estas doenças não se registam.(continua)

 

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