Dia da Bela Cruz (ou Maias)

A origem desta festividade parece prender-se com os ritos pagãos romanos conhecidos como «Florália» ou «Florais», festividades em honra de Flora, a deusa das flores e da Primavera, e que teriam lugar de 28 de Abril a 3 de Maio. Tratava-se de dar as boas vindas à Primavera e a um novo ciclo de vida. No festival, que incluía representações teatrais e jogos, os romanos trocavam as habituais vestes brancas por outras mais coloridas e celebravam oferecendo leite e mel à deusa Flora. Curioso é que os Ludi Florales foram assumidos pelas prostitutas como a sua celebração.

Aparentemente, a comemoração das Maias ou da Bela Cruz que tem lugar nos meios rurais em Maio, particularmente no dia 3 de Maio, não passa de uma fusão entre o profano/ pagão e a necessidade das comunidades rurais disfarçarem esse paganismo com a cultura cristã emergente. Daí as várias designações com que surge (Dia da Bela Cruz, Dia da Santa Cruz ou Dia da Vera Cruz) e que se ligam à celebração de uma importante solenidade litúrgica da Igreja Católica: a Ascensão, como exaltação do triunfo de Cristo sobre a Morte.

O Dia da Bela Cruz celebrava-se na localidade de Santo Varão na noite de 2 para 3 de Maio sob várias formas: as moças solteiras enfeitavam os vários cruzeiros da localidade com flores silvestres e colocavam às portas cruzes de canas enfeitadas de flores; os camponeses colocavam nas terras cruzes enfeitadas pedindo fertilidade para as terras e boas colheitas; os rapazes escreviam nas paredes caiadas das casas das raparigas solteiras ditos, nem sempre lisonjeiros, alusivos a namoros que existiam ou não, paixões e zangas.

Estes escritos, sempre acompanhados pelo desenho de uma cruz, observavam-se na localidade de Santo Varão ainda na década de oitenta do século XX, assim como a colocação de cruzes enfeitadas nos campos de cultivo.

Curioso é que, em Santo Varão, a palavra «maias» designa não só a giesta como em vários locais do país mas também a flor do sabugueiro.

Fonte: Facebook do Rfcbm Santo Varão

Deixe um comentário