Situada no meio da povoação, trata-se de uma pequena capela que foi mandada erigir no ano de 1661 por um particular, junto ao seu solar. Deste acontecimento nos dá conta uma inscrição gravada entre as volutas adossadas no frontão da porta principal, assim como uma inscrição no seu interior. Nela se pode ler: «Esta Santa Capela de N. S. da Tocha mandou fazer Fº Jorge Floreado e sua mulher Brites Aires toda à sua custa…»
De pequenas dimensões, nela se encontra um altar com uma mesa em madeira e um retábulo construído em pedra de Ançã, da Renascença tardia, provavelmente da escola de João de Ruão.
O nicho principal, que alberga a imagem da Senhora da Tocha, de dimensões apreciáveis e ao estilo maneirista, é ladeado por duas colunas caneladas com capitéis coríntios. A ornamentação deste retábulo é composta por frontões triangulares e baixos-relevos com motivos geométricos vegetalistas e figurativos.
Por sua vez os nichos laterais, de dimensões mais reduzidas, albergavam pequenas imagens de pedra, de S. Francisco e S. Lourenço. Do lado esquerdo do altar-mor uma porta dá acesso ao antigo solar, já inexistente. Esta família dos Floreados aparece ligada por laços de casamento e possivelmente familiares à dos Saros, uma vez que uma filha de Manuel Gonçalves Floreado, Maria de Aguiar, casa em 1621, com Cristóvão Fernandes Saro.
A Assembleia da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, em reunião efetuada a 27 de Abril de 1990, aprovou por unanimidade a sua classificação como imóvel de interesse concelhio. Atualmente foi adquirida, conjuntamente com o solar dos Rangéis, dos meados do século XVIII, por particulares que procederam a obras de restauro.
Tal como as outras capelas da aldeia, constata-se ter servido de panteão familiar. Dos vários descendentes do casal de fundadores, quase todos ingressados na carreira religiosa, o registo de óbito de 1717, de uma das filhas, Teresa Pimentel, dá-a como sepultada na capela, o mesmo acontecendo com uma sobrinha desta, Luísa Pimentel, herdeira da capela por morte de sua tia, sem descendência, cuja certidão de óbito data de 1761.
Será um filho desta herdeira, Suplício José Pimentel, que herdará esta capela, onde casará com Mariana Josefa da Silva e Sequeira, de Ansião, em 1756. Morre prematuramente, deixando apenas um filho, residente em Ansião, o qual certamente se terá desfeito, não só da capela, como do solar, pois nos inícios do século XIX já ela aparece na posse dos Rangéis.