“Uma visão dos primórdios do Centro Beira Mondego – Sociedade de Instrução e Recreio, Santo Varão – no seu primeiro quarto de século (1925-1950)” – Parte I
Por: Manuel CARVALHO-VARELA
Compraz-nos anunciar que, brevemente, publicaremos um artigo, da autoria do nosso conterrâneo Manuel Carvalho-Varela, intitulado “Uma visão dos primórdios do Centro Beira Mondego – Santo Varão no seu primeiro quarto de século (1925-1050)“, apresentado em 2000 no septuagésimo quinto aniversário do Centro Beira Mondego.
Manuel Carvalho-Varela é professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
Enquanto couto, assistiu esta povoação à construção da sua Igreja Matriz.
A data precisa deste acontecimento não nos é possível, para já, assinalar. O que podemos afirmar com toda a certeza é que nunca seria posterior ao século XVI.
A corroborar esta afirmação está o registo de óbito de Felipa Mateus, em 13/07/1618, “ irmam que foi de Christovão Fernandes que Deus tem e sepultada na capella de São Christovão desta Igreija de São Verão“. Continuar a ler
Se o local escolhido para a instalação da Câmara do recém criado concelho de Santo Varão foi alvo de discórdia entre as autoridades citadas no artigo anterior, não foi, contudo, este o único pomo de discórdia entre estas duas autoridades. As desinteligências entre ambos estariam longe de terminar. Continuar a ler
Passeando pela história de Santo Varão – X
Segundo António Luís Henriques Seco na já citada obra “Memória Historico-Chorographica dos Diversos Concelhos do Districto Administrativo de Coimbra”, teve este couto Câmara, um juíz ordinário, dois vereadores, um procurador e um almotacé, oficial concelhio que vigiava as actividades económicas.
Foi Santo Varão elevado à categoria de concelho por decreto régio de D. Maria II (na foto), de 29 de Novembro de 1836, assim permanecendo até à sua extinção por decreto de 27/12/1853, a quando de nova reforma administrativa então surgida.
Até ao ano de 1753 o lugar der Santo Varão foi couto dos bispos de Coimbra, a quem pertencia a justiça e a quem, como donatários, os moradores pagavam as rendas.
No entanto, já em 1757 aparece como terra de El-Rei. As razões encontramo-las bem explícitas no Inquérito Paroquial de 1758. A não apresentação pelo bispo nem da carta de doação nem do foral da terra, fez os moradores não o reconhecerem por donatário e consequentemente recusarem-se a pagar-lhe as referidas rendas. A sobrevivência de estruturas nitidamente feudais e medievais tinha, de facto, os seus dias contados. Continuar a ler
A partir do século XIX a paisagem dos campos mondeguinos ir-se-á alterar com a introdução da cultura do arroz, que, diga-se de passagem, não iria ser muito pacífica pelos males a que deu origem.
Esta cultura terá sido introduzida em Portugal no reinado de D. Dinis, no Baixo Mondego, na zona de Montemor-o-Velho, a partir de semente procedente da região de Sevilha.
O texto, da autoria de Fátima Tarrafa Batista, continua no documento em anexo:
A existência dos contratos descritos no apontamento anteiror (http://santovarao.netii.net/wordpress/?p=489) implicavam, da parte dos povos, o pagamento de uma renda, à altura designada de foros.
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A partir do século XV novos contratos surgem, então. De 1601 data outro contrato, mas desta vez de “ umas casas com seu quintal no couto de Sam Veram com o foro de uma galinha “. Em 1687, vamos encontrar outro contrato de emprazamento, feito entre a Mitra e o Dr. Luís Coelho, um dos filhos do Dr. Francisco Mendes Pimentel, natural desta localidade, (foi Reitor do Colégio de S. Paulo, cónego magistral da Sé de Coimbra e deputado do Santo Ofício), de cinco geiras de terras no campo de ” Sam Verão “, com o foro de quinhentos réis por cada geira. Continuar a ler
Contudo, ainda no século XIV, as guerras fernandinas irão repercutir-se na zona do Baixo Mondego, sendo duramente atingidos os campos de Montemor, com as devastações, os roubos de alimentos e a destruição de bens.
A complementar esta situação de guerra, surgem os tumultos que têm lugar por altura do casamento de D. Fernando com D. Leonor Teles e que também se repercutem no termo de Montemor, com fortes abanões na já débil economia, então em período de recessão. Continuar a ler